Leandro Karnal nos inspira e nos faz refletirmos. Em um dos seus vídeos, no canal Resiliência Humana, ele diz:

“ O que eu estou fazendo de mim? É um momento para pensar: o que estou fazendo de mim? Esta é a vida que eu estou querendo levar, com as pessoas que eu quero? A vida é muito curta, é muito rápida, é muito passageira e ouçam alguém de mais de cinquenta. Depois dos quarenta parece que fica mais rápida ainda, parece que passa numa velocidade incrível. A vida é muito curta para que se perca tempo numa existência medíocre, numa existência pequena, numa existência fraca. A vida é muito curta para que eu tenha uma família que eu não ame, para que eu tenha um emprego que eu não goste, para que eu tenha um trabalho que eu não me dedique, ela é muito curta para eu ser medíocre, é muito pouco tempo para isso. Pergunte o que estamos fazendo de nós mesmos. E sigam o conselho de Sócrates que fundou a filosofia ocidental: conheçam-se, conhece a ti mesmo, conhecimento de si.  Sigam esse conselho, sigam essa ideia de saber o que vocês são. Se eu me conhecer, ninguém me ofende, se eu me conhecer, ninguém me ataca… Ataque é veneno e veneno só funciona se eu tomar”.

Nesse vídeo maravilhoso, Karnal nos ensina em menos de cinco minutos que somente nos ofendemos com o que os outros pensam ou dizem de nós se deixarmos. Quando alguém diz algo de você ou sobre você, isso pode te magoar ou não. Mas nas vezes em que te magoar é como o veneno: um veneno só funciona se você tomar.

Nessa pandemia, que parece não ter fim, eu já perdi pessoas queridas demais para não conseguir ao menos me despedir. Foram pessoas maravilhosas que fizeram diferença na vida de muita gente e na minha também. Essas perdas inesperadas que vem acontecendo no último ano devem servir ao menos para que qualquer pessoa pare e reflita: o que você tem feito da sua vida? O que tem feito para a vida daqueles que você ama? E o que tem permitido fazerem com você? 

Eu passei trinta dias deste ano dentro de um hospital por causa do Covid. Mais de cinco parentes tiveram Covid ao mesmo tempo, incluindo eu, meu marido, meu padrasto e minha mãe. Minha mãe ficou intubada e teve uma segunda chance na vida. Nesses trinta dias que parei radicalmente minha vida consegui ver de uma forma tão clara quem realmente se importava comigo e quem realmente fazia falta em minha vida. Do mesmo modo, serviu para mostrar quem simplesmente não se importa e nunca se importou.

Quando minha mãe foi intubada e, por alguns dias, não havia quase nenhuma esperança de recuperação, eu consegui ver o lado bom e maravilhoso na maioria das pessoas. Amigos que eu não via há décadas se mostraram muito mais presentes que alguns amigos da atualidade. Parentes que eu simplesmente julgava que não se importavam, foram os que mais fizeram diferença e me ajudaram. Pessoas que eu nunca havia abraçado abriram os braços para mim. Mas também conheci o lado ruim de algumas pessoas, o lado egoísta, o lado invejoso e o lado mesquinho.  E foi sentindo a bondade do próximo e também a fraqueza, que resolvi seguir o conselho de Karnal: “A vida é muito curta para que eu perca tempo com babacas cheios de ódio”.

Eu já passei dos quarenta anos, e após ter Covid, vi a fragilidade do corpo humano: eu perdi a minha saúde e minha mãe quase perdeu a vida dela. É impressionante o tempo que perdemos de nossas vidas, tentando discutir relacionamentos, achar culpados para tudo e viver sempre apontando o dedo para a cara de alguém. O problema é que toda vez que você apontar o dedo na direção de alguém, você precisa ficar atento pois três dos seus dedos apontam de volta para você.

A vida é muito curta para culpar eternamente o colega de escola ou faculdade que estudou menos, se dedicou menos, mas teve mais sorte na vida, na profissão ou no amor.

A vida é muito curta para culpar os irmãos que trabalharam menos e ganharam mais. Para culpar o pai ou a mãe que amou de menos.

A vida é muito curta para culpar o ex chefe que não te promoveu há anos atrás. Para culpar o colega que ganhou um cargo melhor que o seu, embora você julgue que ele não merecesse.

A vida é muito curta para comparar e muito menos para julgar quem teve mais sorte, quem se casou melhor e quem está mais feliz que você.

A vida é muito curta para você não concordar com o segundo ou o terceiro relacionamento dos seus pais ou irmãos. A vida é curta demais para viver achando culpados, para viver julgando os outros e apontando o dedo na direção alheia. E, principalmente, é curta, muito curta para viver ao lado de pessoas que não gostam de você. 

Não temos tempo para viver discutindo os relacionamentos! A vida passa rápido demais para ficar bebendo café requentado, para viver chorando pelo leite derramado e apontando sempre para um culpado.  Já temos problemas demais para viver ao lado daqueles que amam odiar e culpar a todos, menos a si mesmos. O mundo já tem muita maldade e doença, por isso viver ao lado daqueles que nos fazem e nos querem o bem, torna a vida mais leve. 

“Enquanto essa vacina tão esperada não chega para todo mundo, é bom lembrar que contra o preconceito, intolerância, a mentira, a tristeza já existe vacina: é o afeto, é o amor. Então, diga o quanto você ama a quem você ama. Não fica só na declaração, não, gente. Ame na prática, na ação. Amar é ação, amar é arte” Paulo Gustavo.

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